Materiais
Psicologia de multidão. Parte 4
- 26.09.2020
- Publicado por: Oksana Maslennikova
- Categoria: Psicologia

Líder na multidão e os mecanismos de controle de multidão
Muitas vezes o comportamento de multidão é definido pela presença ou ausência de um líder nela. Líder na multidão pode surgir com uma escolha espontânea e, muitas vezes, por autoindicação. Líder autodesignado geralmente se adapta ao humor e sentimentos de pessoas na multidão, e consegue relativamente fácil incentivar os participantes a ter um certo comportamento.
Qualquer aglomeração de pessoas, instintivamente obedece ao poder de um líder. Herói adorado pela multidão de fato é um líder para ela. Na alma da multidão não é a vontade de ser livre que prevalece, mas a necessidade de submissão. Multidão deseja tanto obedecer que instintivamente se submete aquele que se proclama ser seu patrão.
Pessoas na multidão perdem sua volição e instintivamente se referem aquele que a manteve. Multidão, sempre pronta para se revoltar contra um poder fraco, ela se escraviza e se curva diante um poder forte. Entregue a si mesmo, multidão cansa da sua própria desordem e instintivamente procura escravidão.
Multidão é tanto intolerante, quanto confiante em relação a sua autoridade. Ela respeita a força e não se entrega a influência da bondade que significa para ela apenas uma espécie de fraqueza. Ela exige força do seu herói e até violência, ela quer ser possuída e oprimida. Ela deseja ter medo do seu patrão. Poder de líderes é muito despótico, mas exatamente esse despotismo faz a multidão obedecer.
No meio de multidão de gente, um líder na maioria das vezes é apenas um líder. Porém, seu papel é significante. Sua volição é um núcleo, em volta de qual opiniões se juntam e se cristalizam. O principal papel de um líder é criar fé, não importa qual. Isso explica sua grande influência na multidão.
Na maioria das vezes, líderes são pessoas mentalmente desequilibradas, meio loucos, que estão à beira de insanidade. Por mais que absurda seja a ideia que eles anunciam e defendem, e o objetivo pelo qual se empenham, suas crenças não podem ser abaladas por nenhum raciocínio. Tem mais uma qualidade com qual líderes de multidão geralmente se destacam: eles não são pensadores, eles são pessoas que agem.
A classe de líderes se divide em duas categorias:
* Pessoas enérgicas, com uma volição forte, mas que aparece por um tempo curto;
* Pessoas que possuem uma volição forte e firme ao mesmo tempo (são muito menos comuns).
Um dos fatores importantes que determina a influência de um líder na multidão é a seu carisma. Carisma é um tipo de domínio de alguma ideia ou personalidade sobre a mente de um indivíduo. Carisma pode consistir em sentimentos opostos, por exemplo: admiração e medo. E pode ser de dois tipos: adquirido e pessoal. Carisma pessoal se deferência de artificial ou de adquirido e não depende nem do título, nem do poder. Ele se baseia na prevalência pessoal, na gloria militar, no medo religioso, mas não só nisso. Na natureza de carisma tem vários outros fatores, mas o sucesso sempre foi e sempre será um dos principais.
Controle de multidão tem dupla natureza, pois a multidão é sempre um objeto de controle de duas forças: por um lado ela é liderada por um líder; por outro lado – pela polícia de ordem pública e poder administrativo.
As possibilidades de controle de multidão deferem significativamente dependendo de quem quer ser líder nela: demagogo ou intelectual. Como dizem no Oriente, aquele que quer controlar uma multidão, está tentando selar tigre. Mesmo assim, controlar indivíduos é muito mais difícil do que controlar uma multidão.
Os mecanismos de comportamento podem ser usados por políticos de qualquer ponto de vista e nível moral. Nestes casos a multidão se torna um brinquedo nas mãos de líder. Geralmente pessoas que desejam liderar uma multidão, intuitivamente sabem como influenciá-la. Eles sabem que para convencer uma multidão em algo, é necessário entender quais são os sentimentos a inspiram, fingir que você os compartilha e depois invocar na imaginação da multidão imagens que os atraem. Sempre tem que apresentar a multidão algumas ideias em imagens sólidas, sem apontar para sua origem.
Um orador que deseja atrair multidão, deve usar excessivamente uma linguagem forte. Exagerar, afirmar, repetir e nunca tentar provar alguma coisa com raciocínio – estes são os jeitos de argumentar para multidão.
Afirmações só afetam multidão quando são repetidas várias vezes nas mesmas expressões. Neste caso a ideia entra na mente tão forte que no final das contas será considerada como uma verdade comprovada, e depois atinge partes mais profundas do inconsciente. Esta técnica é usada com bastante sucesso por líderes de multidão.
Análise teórica de mecanismos de formação da multidão de alguma forma pode ajudar os órgãos administrativos a controlar o comportamento da multidão. Eles têm uma tarefa dupla:
1) Despertar a consciência de indivíduos da multidão sobre suas ações, devolver a eles os sentimentos perdidos de autocontrole e responsabilidade por seu comportamento;
2) Prevenir a formação de multidão ou desformar uma multidão já formada.
As seguintes ferramentas eficazes podem ser consideradas eficazes:
* Reorientação de atenção de indivíduos que fazem parte da multidão. Assim que a atenção das pessoas na multidão for distribuída entre vários objetos, imediatamente se formam grupos separados, e a multidão que acabou de se unir pela “imagem do inimigo” ou pela prontidão para ações conjuntas, vai se desmontar. Os traços da estrutura pessoal, suprimidos pela influência da multidão, ganham vida e cada pessoa separadamente começa a controlar seu comportamento. A multidão deixa de estar ativa e se dissipa gradualmente;
* Fazer anúncio por alto-falante que câmeras escondidas estão filmando os participantes da multidão;
* Apelar-se aos participantes da multidão falando nomes e sobrenomes concretos e mais comuns nessa região;
* Tomar medidas para capturar e isolar líderes da multidão. Se por alguma ocasião o líder desaparece e não é substituído imediatamente por outro, a multidão volta a ser um bando de aglomerados sem qualquer conexão e estabilidade. Nesse caso é mais fácil dispersar a multidão.
É muito difícil usar a voz da razão para falar com a multidão. Ela entende apenas ordens e promessas.
Comunicação na multidão
A comunicação faz um papel muito importante no surgimento de multidão como um processo de troca entre pessoas de mensagens que são significativas para elas.
Sabe-se que individuo se torna participante de um comportamento devastador ou se inspirando diretamente com o comportamento de pessoas em volta, ou descobrindo esse comportamento através de canais de comunicação oficiais e não oficiais. Alguns tipos desse comportamento surgem por causa de um défice forte de informação ou por causa de um sistema ineficaz de transmissão de mensagens.
Pessoas estão dispostas a se sucumbir a ações contagiosas de outras pessoas, quando essas ações correspondem a ideias crenças. Óbvio que contaminação mental seria impossível se as pessoas não vissem ações e atitudes de outras pessoas e não ouvissem sobre elas. Contaminação psicológica pode gerar sentimentos em toda extensão de escala emocional – tanto positivos, entusiasmados, quanto negativos, sentimentos de desanimo e depressão.
Onde o indivíduo é privado da oportunidade de perceber o quadro do comportamento de outras pessoas, mais importantes se tornam meios de comunicação – jornais, rádio, televisão e cinema.
Em qualquer sociedade, junto aos sistemas de comunicação oficial, os sistemas não oficiais operam em paralelo. Eles se encontram em diversos pontos. Por exemplo, o conteúdo de comunicação não oficial – conversas, fofocas, boatos, – passam para as páginas da mídia impressa ou se tornam assunto de conversa para comentarista de televisão que ajuda a divulgá-los. E, claro, mensagens importantes da mídia geralmente são discutidas entre amigos ou família.
Por isso na consciência do individuo geralmente contém uma interpretação, compartilhada por seus vizinhos, amigos, parentes, companheiros de viagem. Raiva, provocada, digamos, pela mensagem sobre introdução de um novo imposto ou sobre aumento de preços é facilmente compreendido pelo interlocutor, pois ele sente as mesmas emoções… Isso é a primeira regra para preparar o comportamento em massa.
Atualmente, as tecnologias políticas atingiram seu pico. À medida que a violência e a ditadura declarada são criticadas e proibidas pela comunidade internacional, os políticos têm recorrido a métodos sutis de controle de grandes massas de pessoas para criar a impressão de democracia. Hoje em dia às vezes é difícil distinguir a real expressão de vontade do povo e as ações mandadas por um provocador. Pior de tudo é que o próprio “povo” às vezes não entende que já faz tempo deixou de ser povo e se tornou em um bando de loucos que executa os comandos de um líder carismático.
Isso é a última parte teórica (por enquanto)
Na próxima parte eu vou escrever sobre um exemplo prático que ocorreu comigo.
A lista de literatura que foi utilizada está na página “fontes”
Assinem o boletim informativo via e-mail da para serem os primeiros a saber sobre publicação de novos artigos
Quais temas te interessam?
Deixe um comentário Cancelar resposta
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.